sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Povo da Fúria- capitulo 1 - sequência 1

Antes de ler este texto, leia: Povo da Fúria

Sou fã incondicional de Forgotten Realms. E a transição de 3.5 para 4.0 foi fantástica. Agora vou iniciar um processo longo, mas beeem longo mesmo para que vejam como eu vi esta transição. Sejam bem vindos a história: Povo da Fúria

No interior da sala de pedra fria e escura, Anna se encontrava em profunda meditação, sua irmã gêmea Luthy observava apreensiva as fumaças, provenientes dos brazeiros que preenchiam a sala.
Ela procurava contemplar algum sinal que lhe revelasse algo sobre seu futuro. Mas as névoas escuras, que estavam por toda a parte  na sala, se negavam a lhe dar qualquer sinal do que poderia vir.
Ambas voltaram seus olhares para a porta quando ouviram passos ecoando nos corredores em direção ao quarto em que se encontravam.
A porta se abriu e quatro mulheres segurando bastões se posicionaram frente a frente formando uma espécie de corredor por onde uma quinta mulher mais altiva e de corpo escultural adentrou.
Todas as mulheres usavam máscaras, escondendo qualquer traço de seu rosto. Apenas seus cabelos, todos de cores variados, podiam ser identificados. A mulher central, de cabelos muito longos, de forma que alcançavam sua cintura, usava uma máscara toda negra e reluzente, algumas penas coloridas adornavam parte dos trajes dela. A mulher segurava com mão firme um enorme cajado de prata que possuía a figura da cabeça de um unicórnio esculpida nele. A outra mão ela estendeu na direção das duas e pronunciou:
- É chegada a hora minhas filhas. As bruxas esperam.
Ambas procuraram pelo olhar uma da outra em busca de apoio e silenciosamente se posicionaram lado a lado seguindo a mulher que iniciava sua marcha pelo interior do que parecia ser um imenso e longo túnel.
O corredor por onde a procisão prossegue é longo e esguio, possui tochas intercaladas a intervalos de quatro metros uma da outra por todo seu caminho. Apesar de serem quase dez mulheres a caminhar pelo corredor, nem uma delas produz o menor ruído, é como se estivessem caminhando no ar.
Com graça e desenvoltura a comitiva sobe os degraus de uma ampla escadaria que se encontra no fim do corredor de onde se juntavam pelo menos outros nove corredores iguais e todos desembocando no mesmo local com um número igual, ou menor de dezenas de mulheres se encontrando e iniciando sua subida até o grande salão de forma praticamente militar. Todas juntas numa sincronia perfeita.
Anna e Luthy observaram ao redor e viram um enorme número de outras jovens, todas com sua mesma idade, todas   haviam sido testadas anteriormente pela mulheres mascaradas e haviam passado na seleção natural para se tornarem hatrans, as bruxas de Rashmen.
A cerimônia que se seguiria nesse momento iria colocar as jovens finalmente no caminho da bruxaria. Elas iriam ter que aceitar o conhecimento Etran.
Através do discurso da líder de seu clero, as jovens iriam ouvir e no momento em que suas auras internas fossem tocadas estas iriam se encher de energia. Nesse momento todas teriam o conhecimento e iniciariam sua jornada para se tornarem grandes Hatrans, as verdadeiras governantes do país de Rashmen.
O grande salão era enorme, ovalado e era o centro de um palacete. Muitos estandartes com os escudos de várias escolas de bruxaria se encontravam na sala, sete ao todo. Mas as escolas serviam apenas para mostrar, que tutor, era o mais respeitado, pois não havia competição interna por poder. As bruxas eram escolhidas para serem protetoras da terra, e para seus cargos de lideranças, através de espíritos: os Telthors.
Esses espíritos habitavam quase toda Rashmen, e possuíam uma ligação muito forte com sua terra. Cada Telthor vive ao redor de uma área escolhida e protegida por ele, e eles em geral possuem a forma de criaturas da floresta; como lobos, ursos, pássaros e outros. Muito raramente possuíam forma humana ou de outras criaturas humanóides.
E um desses casos raros de Telthors as jovens iniciantes que se encontravam na sala puderam testemunhar.
Inicialmente a forma brilhante e enevoada do espírito surgiu no chão ao lado da figura da líder de clero no altar de pedra localizado no limiar norte da sala. Com um deslocamento lento e gracioso ele ergueu-se do solo até pairar ao lado da sacerdotiza, sob a forma de uma bela mulher, com longo vestido e de meia-mascara a tapar somente os olhos.
Repentinamente vários outros espíritos surgiram na sala de forma mais abrupta, mas menos impressionante. Os telthors de vários animais passeavam pela sala observando, fitando, analisando cada uma das jovens iniciantes. Eles percorriam em desabalada correria e de forma totalmente aleatória, e em um momento chegaram a causar um pequeno alvoroço nas iniciantes, que logo foram advertidas pelas suas bruxas-mestras.
Um a um os espíritos foram se colocando ao lado da bruxa telthor, e da mesma forma como chegaram eles desapareceram.
- Eles vieram ver se somos dignas. – Observou Luthy a Anna, que com um forte suspiro aprovou o sussuro da irmã.
Nesse momento adentraram por portas adjacentos um grande número de bruxas, todas belas, com seus longos vestidos coloridos, de mais variados tecidos e cores. Mas todas possuíam um belo decote que deixava exposto parte dos seus belos seios, destas impressionantes mulheres, e todas elas usavam máscaras. As máscaras diferenciavam-se uma das outras através de seus tamanhos e formas, mas a maioria usava máscaras inteiras que cobriam todo o rosto, e estas só deixavam lugar para se ver os olhos do usuário por trás delas.
Essa era mais uma das tradições de Rashmen. Um país governado por mulheres. Todas magas ou feiticeiras que ostentavam o título de bruxas. Essas mulheres eram todos os anos selecionadas entre as aldeias de todo o país. Agentes das bruxas de Rashmen percorriam os lares de seu povo e testavam cada uma das meninas e meninos com aptidões mágicas. Todos os que apresentavam bons desempenho eram recrutados pelas bruxas.
Essas mulheres exerciam um papel muito importante no país pois eram brilhantes estrategistas e por isso tratadas com respeito por seus protegidos. Em Rashmen outra tradição costumava dizer que a palavra de uma bruxa é lei.
Uma tradição que se aprende desde o berço.
Quando todas as mulheres se pocisionaram na grande câmara oval, uma série de serviçais adentraram o recinto trazendo as cadeiras de suas amas.
Em uníssimo elas sentaram todas, menos a sacerdotiza, a telthor-bruxa e as tutores e suas comitivas que continuavam estáticas no centro do salão.
Na coluna oposta em que se encontravam as gêmeas, outras duas novatas ambas amigas de infância compartilhavam da mesma apreensão imposta a todas as jovens.
- Que mulher maravilhosa é a sacerdotisa. – exclamou Risvita com total admiração seus olhos encantados com a majestade do enorme salão.
- Não tão maravilhosa quanto nós seremos. – concordou Jurytala, sua companheira. E ambas riram baixinho, um riso maroto cheio de confidência.

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