quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Povo da Fúria - Cap 7. Seq. 2

As horas de caminhada até Immilmur acabaram por se tornar as mais longas nas vidas dos jovens sobreviventes a emboscada.
                Observando com atenção o caminho desenhado em um mapa que encontrava-se em um dos corpos sem vida de um dos tutores, Toul pode analisar e ponderar sobre sua localização. Faltava menos de uma hora para os jovens chegarem a Mulptan, a primeira parada da comitiva. Lá Toul esperava encontrar furiosos para quem reportar o que acontecera e principalmente sobre quem eles estavam levando consigo.
                Mas as enormes manchas de fumaça que ele avistara no céu na noite anterior vindo de regiões próximas despertou em muito sua curiosidade. Ele ordenara que Alan, um dos bárbaros sobreviventes da tribo e conhecido por ser um ótimo corredor fosse dar uma olhada em quem pudesse estar  acampando por trás das colinas que antecediam a cidade para qual os jovens estavam se encaminhando.
                Com freqüência o jovem bárbaro olhava para o horizonte esperando pela volta da amigo. Normalmente o sinal de uma acampamento seria convidativo, mas o encontro com o arcano e o ataque no caminho fizeram com que o jovem se torna-se cauteloso.
                Havia alguma coisa errada e ele não sábia o que. Para completar Jekita que sempre lhe acompanhava e aconselhava estava cabisbaixa e pensativa. O jovem acreditava que a perda de tantos amigos em único e fulminante ataque pudesse ter abalado a confiança da jovem, mas Jekita tinha pensamentos mais sombrios habitando sua mente.
                A jovem observava o mago vermelho com curiosidade tentado descobrir o que estava se passando. Era óbvio que o mago era algum peão menor em alguma trama, alguém que levara a pior em algum combate, mas Jekita não acreditava que esses agressores seriam Rashemis. Tanto os bárbaros quanto as bruxas simplesmente não o teriam deixado solto no reino. O simples ataque, tão devastador, mostrava que aquele homem tinha algum tipo de importância. E o que mais desmoralizava a jovem fora a falta de confiança e o temor que ela tomara das bruxas.
                Jekita sempre considerou o fato de que uma bruxa segue caminhos diferentes, afinal o esforço para a compreensão de uma magia ou a dedicação a um deus para receber seus benefícios não vinham sem nenhum custo.
                Mas falta de escrúpulos?
                Percebendo que o arcano acordava ela se aproximou dele.
                - O que você sabe que é tão precioso a ponto de valer nossas vidas? – A jovem falou com uma voz firme e autoritária.
                - Nada que valha sua vida, ou o esforço de tentarem me levar para seus líderes. – o arcano replicou, entre soluços e pausas causadas pela dor e cançaso que dominavam seu corpo.
                - Não me venha com sarcarmo, cão! – a jovem ameaçou – Ou pelos deuses juro que o julgamento mais justo que vai ter vai ser a ponta de minha lança atravessando seu corpo.
                Ikal não respondeu, apenas sorriu. Um sorriso de desdém de quem não se importava. Ele estava marcado para morrer, não importa o que fizesse ele não tinha para onde ir nem para onde voltar, ...então, porque ajudar a bárbara? Na verdade se ela acabasse com ele, estaria lhe fazendo um favor.
                O olhar do mago confirmou os pensamentos da jovem, ele era uma marionete condenada. Os magos eram conhecidos por sua crueldade e sua força de vontade, eram também conhecidos por tentar a todo custo barganhar por sua vida quando ameaçados e sem saída. O homem, se é que podia se chamar de homem o jovem mago que parecia não ter ainda vinte anos de idade, havia perdido o desejo pela vida, estava conformado com seu destino.
                Provavelmente ele era um condenado. Um criminoso qualquer, alguém que deveria ser simplesmente eliminado.
                Mas o que não se encaixava fora a tentativa de assassinato, cruel e sem precedentes que os jovens presenciaram. Rashemis matando rashemis? Jekita sabia que o mago não iria lhe dizer nada, o fato de ele não ter mais chances de vida,  não acabara com sua maldade. Para ele o simples fato de os deixar na ignorância já o deliciava.
                O mago era importante sem dúvida nenhuma. Ela fechou seu rosto numa expressão fria e vazia, se pudesse ela eliminaria o arcano ali mesmo, mas ele possuía informações realmente valiosas consigo, e ela estava certa de que no momento oportuno iria descobrir, mais cedo ou mais tarde.
                Os passos apressados que ecoaram de volta chamou a atenção da jovem e dos demais membros do grupo. Toul precipitou-se para ver que noticias seu amigo Alan trazia pois era ele quem surgia apressadamente entre as moitas que lhes protegiam naquele anoitecer.
                O jovem gritou a todo pulmão, deixando o restante do grupo atemorizado.
                - Orcs! Centenas deles! Acampados a menos de meia hora daqui!

                               *             *             *             *

3 comentários: