terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Povo da Fúria - Cap 7 - seq 3.


Povo da Fúria - Cap 7 - seq 3.

               Uma grande correria tomou conta das ruas de Mulptan. Mulheres com seus filhos no colo procuravam freneticamente a segurança de seus lares. Homens  se armavam e postavam de forma a defende-las e uma centena de furiosos se posicionavam na enorme murada de pedra que protegia a cidade mercante.
                Gritos de ordem e de alarme se faziam ouvir durante vários momentos, enquanto os capitães rashemis de Mulptan organizavam suas defesas. Bem sobre os grandes portões de entrada da cidade havia uma grande marquise em forma de arco que liga uma ponta a outra da enorme murada. Sobre ela se encontrava Ukligrum, o Multrong ou o Lorde do Leste, título do governante da cidade concedido pelo próprio Lorde de Ferro.
                Cercado por cinco de seus principais guerreiros o homem de meia-idade e de corpo escultural observava a situação. Ao longe por trás das colinas, a fumaça de um grande acampamento se erguia, e ouvia-se os gritos de urras de quem a estava conduzindo: orcs.
                O que mais chocava Ukligrum era o fato de que os orcs conseguiram se aproximar tanto sem serem notados. Principalmente por Mulptan ser uma cidade mercantil e estar praticamente sempre repleta de movimento; pessoas entrando e saindo da cidade. Para o líder da cidade só havia uma explicação: magia, e com isso em mente ele só conseguia ver um único inimigo capaz de um gesto como esse: thayanos.
                - Posicione os arqueiros sobre o alambrado, diga aos guerreiros para se armarem de seus machados, lanças e halabardas e só atacarem se os orcs ameaçaram nossa murada – ele falou sem tirar os olhos do horizonte. A ordem foi direcionada a Folim, seu braço direito, um homem alto e magro de rosto limpo e sem a barba que a maioria dos rashemis ostentava.
                Folim pegou seu arco e ergueu-o no ar e sem postar uma flecha tencionou-o testando o horizonte.
                - Os orcs vão precisar estar muito perto se este vento não parar de soprar meu senhor – ele falou num tom de voz sombrio, abaixando seu arco.
                - Também já  notei. A proximidade do inverno fez o ar tornar-se carregado, os ventos aumentarem e a noite chegar mais cedo. Os orcs escolheram um bom momento para atacar. – o Multrong continuava a fitar o horizonte – Mas esse mesmo fator ainda pode ser um favor para nós. – Ele finalmente voltou-se para encarar seus homens. – Se conseguirmos segurá-los tempo suficiente o rigor do clima os fará recuar.
                - Sinto dizer que discordo meu senhor – a voz do segundo em comando saiu rouca e quase um sussuro enquanto ele baixava sua cabeça evitando os olhos de seus companheiros, mas suas palavras foram ouvidas e todos olhavam para ele. Folim respirou fundo e completou – Receio meu senhor que estes orcs tenham decido das Montanhas Icerim, o mau tempo, o frio e o vento, são comuns a eles.
                - Das montanhas Icerim? – O lorde perguntou incrédulo observando mais uma vez o horizonte. – Como podem ser daquelas montanhas? Os Thayanos não possuem base lá, e aqueles orcs nunca mais se uniram sob uma única bandeira desde que as guerras dos portais orcs aconteceram.
                - Senhor, - Folim falava devagar, cada palavra parecia uma sentença de derrota – os tambores, as canções e os sinais de fumaça não são de orcs subjugados ou sob os domínios do magos vermelhos.
                Ukligrum, observou atentamente seu fiel companheiro, ele aprendeu a dar ouvidos aos conselhos e aos olhos observadores desse patrulheiro experiente, mas então um enorme sorriso se abriu.
                - Bom, se eles não são orcs liderados por magos vermelhos, então são apenas orcs. – Com uma gargalhada contagiante ele concluiu – Pelo jeito teremos um pouco de diversão antes do inverno. Vamos posicionar os guerreiros. – Ukligrum concluiu e com isso iniciou o pocisionamento de suas defesas na cidade.
                Folim sorriu mas antes de acompanha-los deu uma última olhada para o horizonte e apesar de não falar nada pensou: “Ainda assim, como foi que eles chegaram assim tão perto, se não foi por proteção dos arcanos?”. Os pensamentos do ranger se encheram de temores mas ele não passou-os adiante para seu chefe ou seus aliados, ele não queria abalar a moral deles. Mas em seu interior o homem sabia que quando aqueles orcs marchassem contra seus portões a luta não seria tão fácil, muito menos divertida.
                Quando ele voltou-se para acompanhar seus companheiros Folim encontrou seus olhos com o de seu lorde e soube imediatamente que seu superior partilhava exatamente das mesmas preocupações.
                Nesse momento tudo o que Folim desejou era ter um homem dentro das fileiras orcs, para descobrir seus planos e desmoronar suas fileiras.

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