Capítulo 5
Bom trabalho merece recompensa
Quando o jovem arcano se materializou na sala de estudos arredonda e entulhada de livros de Ilmok, Opala da Noite, o experiente arcano sorriu com satisfação. Mesmo sem ainda ter sido reportado pelo aprendiz o mago sabia de seu sucesso. Levantando-se de sua cadeira, que mais parecia um trono de tantos ornamentos e entalhes o conjurador se dirigiu ao centro da sala para receber seu pupilo e com a costumeira reverência Thayana, abraçou cinicamente o jovem ainda tonto pela teletransportação.
- Saudações meu jovem. Conseguiu o encontro eu presumo.
- S-sim, meu senhor. – Ikal pôs-se a relatar suas aventuras na terra dos furiosos sempre de compostura submissa. Opala da Noite ouvia o relato com interesse e prestava atenção aos mínimos detalhes, a cada mísera palavra pronunciada pelo subalterno. Por fim satisfeito com o que o jovem lhe informara ele sentou-se em sua cadeira e cruzando as mãos lançou um olhar duvidoso para o jovem. Ilmok, estudou seu aprendiz e viu diante de si um homem obstinado e perigoso. Era óbvio que o jovem havia alcançado os objetivos de sua missão com louvor, mas a maneira como o iniciante arcano conduzira suas aventuras fazia com que seu amo o admirasse e temesse ao mesmo tempo.
- Seu sucesso alegra-me, meu fiel súdito. Não tenho dúvidas de que você se tornará um grande mago. – As palavras soaram vazias aos ouvidos de Ikal, mesmo assim ele sorriu e fez uma reverência a seu senhor.
- Devemos nos apressar, então. Antecipando seu sucesso já cuidei de nossa estada em Aglarond. Vamos nos disfarçar como simples camponeses e partiremos hoje mesmo ao anoitecer. Uma caravana de mercadores deve deixar Thay, e aluguei uma carruagem e um carroção para nossa viagem. Mika e Ardo já fizeram todas as reservas necessárias. Assim que você descansar de sua provação nós partiremos.
Ikal concordou mais uma vez e se apressou em retirar da câmara de reuniões, a sala principal da torre de Ilmok, Opala da Noite.
Caminhando-se apressadamente pelos corredores da torre, Ikal acabou por ter exatamente as mesmas sensações que o acompanharam na Floresta Erech, em seu encalço. O tom hospitaleiro e compreensivo na voz de seu mestre o perturbaram profundamente. Mas esgotado como estava o jovem não podia negar que uma noite de sono lhe faria bem. Independente das ações ou planos de seu mestre, seu corpo encontrava-se exausto e sua mente ardia em chamas. O jovem precisava desesperadamente dormir e recuperar suas forças.
Em seu aposento Ilmok observava através de um espelho pocisionado como um enfeite em uma estande com livros seu jovem aprendiz dirigir-se a seu quarto. E quando este abriu as portas do mesmo e foi pego em uma onde de energia de cores cintilantes ao abrir a porta encantada com uma armadilha traiçoeira o mestre arcano gargalhou histéricamente, incrédulo ainda com a atitude incauta do aprendiz.
- Tudo ocorreu conforme o planejado mestre. – A voz esganiçada de Ardo, um aprendiz mais útil com os braços do que com o cérebro, interrompeu os momentos de prazer de Ilmok. O arcano lançou um olhar zombeteiro para o aprendiz que rapidamente entendeu do que se tratava a alegria de seu mestre e devolveu-lhe o sorriso. Sem conseguir dizer nada, alem de gargalhadas Ilmok, apanhou seus pertences e se dirigiu com seu aprendiz para os níveis inferiores da torre. Ele iria partir dentro em breve, e acreditava que em pouco tempo todos os arcanos em Thay iriam chama-lo de mestre.
Descendo as longas escadarias de sua torre o mago deliciava-se em pensar no destino cruel que preparara para seu fiel aprendiz. Desarmado e inutilizado pela falta de magias, totalmente esgotadas de seu cérebro, Ikal, encontrava-se teletransportado em terras hostis, onde com certeza seria morto antes mesmo do inicio da manhã.
Enquanto isso em meio a uma estrada trivial que ligava as cidades Rashemi, Ikal se materialiou aterrorizado nas terras inimigas.
Ciente da traição de seu mestre, mas sem força nem poder algum para tomar qualquer atitude o mago caiu de joelhos, amaldiçoando seu destino e seu mestre. Agora ele olhava para cada extremidade da estrada e sem poder ver nenhuma esperança em qualquer um dos caminhos, cambaleou para fora da estrada e se atirou em meio a grama alta que ladeava a estrada e se perdeu em um sono forte e pesado. Ikal pensou, se meu destino for a morte que ela venha enquanto durmo, pois não existe força em meu corpo para resistir mesmo.
E perdendo-se em seus sonhos Ikal, durmiu pesadamente, mais um desmaio de fraqueza do que uma noite real de descanso.
* * * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário