sábado, 30 de julho de 2011

Povo da Fúria - Cap 6 - Seq 1

Capítulo 6

Emboscada

                Com as mãos apertadas por uma corda de cânhamo, incapaz de andar e visivelmente debilitado o prisioneiro thayano era arrastado pela turbe de jovens guerreiros. Os rashemis cantavam felizes pois iam de encontro a seu primeiro dia como guerreiros furiosos da bela capital de Immilmur e para sua sorte encontraram no caminho um de seus mais terríveis inimigos, um arcano vermelho.
                Jekita e Toul assim como muitos de seus companheiros de viagem nunca haviam visto um thayano. Estes homens cruéis habitavam apenas as histórias mais obscuras dos jovens de Rashmen. Ambos conheciam a descrição dos arcanos, mas ver um deles de perto era algo incrivelmente estranho. Especialmente o prisioneiro, muito fraco e aos olhos de Toul uma pessoa incapaz de se defender quanto mais de ameaçar seu país.
                A prima do jovem bárbaro se aproximou do mago com cautela e fitou o mago nos olhos. Apesar de visivelmente enfraquecido o aprendiz fitou a guerreira com altivez. O olhar frio e cruel do mago chamou a atenção da jovem que indagou:
                - Você não tem medo de morrer mago. Pelo menos alguma coisa de bom você parece ter.
                - Assim como você bárbara. – o mago cuspiu as palavras.
                - O que aconteceu com você? Foi derrotado por algumas de nossas senhoras enquanto espionava nossas terras e acabou se perdendo?
                - Ah, claro. Devo ter fugido como um cão com o rabo entre as pernas. – Ikal falou, sua voz saia difícil por causa do cansaço.
                Jekita observou o mago intrigada, havia algo nele que ela não entendia, algo naquela cena que não estava certo. Mas a jovem não teve tempo de continuar seu interrogatório, pois do final da comitiva um grito assustador colocava todos os jovens da comitiva em alerta.
                Um dos guerreiros que se encontrava por último na turbe caiu com sua cabeça ensangüentada sendo corrosida por alguma coisa fétida e verde.
                Logo outro grito ainda mais assustador se fez ouvir quando flechas de fogo incendiaram a carne dos jovens que se encontravam nos flancos do grupo. Gritando por ordem, os tutores tentaram reagrupar os jovens mas não conseguiram completar suas ordens. Suas bocas se contorceram em gritos de dor enquanto novas setas de chamas atravessavam seus corpos e incendiavam seus pertences.
                Respondendo ao perigo com reflexos acima de sua idade, ambos os primos sacaram suas lanças e armando seus escudos se posicionaram para receber  o ataque dos agressores.
                Em minutos ficou claro para o jovem bárbaro que quem quer que estivesse atacando-os estava atrás do arcano. Pegando o mago pelo pescoço ele fez menção de pedir para que os agressores cessassem o ataque em troca da vida do mago. Mas o arcano foi atingido por uma seta de fogo que lhe queimou o ombro direito.
                Era óbvio para os jovens que o arcano era importante. Arrastando-o para trás de uma pequena colina eles apagaram as chamas que iniciavam seu caminho por entre as vestes do jovem e o salvaram da morte certa.
                Os agressores em seguida, tendo acreditado que o mago estivesse morto desapareceram no interior da floresta.
                Quando os jovens se reagruparam observaram com horror o tamanho do ataque, mais da metade deles havia perecido no ataque incluindo seus tutores. Immilmur encontrava-se a apenas um dia e meio de viagem a frente, mas os próximos minutos seriam intermináveis para os jovens.
                - Quem eram? Eram seus comparsas? – Toul gritava apontando a lança ameaçadoramente para o jovem mago, mas Ikal encontrava-se terrivelmente ferido para conseguir responder. Ele mal conseguia falar.
                - Vamos matar esse porco de uma vez! – gritou um dos jovens bárbaros.
                - Não! – Toul disse com voz firme, seus olhos queimando de ódio – Ele irá conosco para Immilmur. As bruxas saberão o que fazer com ele. Vamos. – o jovem ordenou e retornou o caminho para Immilmur liderando o restante do grupo, após ter certeza de que o caminho estava seguro.
                Olhando para trás o jovem observou irritado sua prima e gritou com ela. – Vamos Jekita! Ande!
                A jovem levantou-se do local onde encontrava-se, vagarosamente, a lança sendo arrastada por sua mão, assim como seu escudo. A jovem caminhava pesarosa ao lado de seus amigos, ao longe ela observava incrédula o mago thayano que era arrastado por seus amigos. Ela não conseguia entender  quão valioso podia ser um inimigo como aquele a ponto de custar a vida de seus amigos. Pois quem atacou o seu grupo não conseguiu escapar dos olhos atentos da jovem. E ela ficou perplexa quando se aprontava para lançar sua lança em um inimigo que havia saído das sombras para lançar uma flecha de fogo em direção do grupo de jovens recrutas.
                Porém a jovem não conseguiu ir adiante.
                Pois seu inimigo, embora não a tivesse notado, ficou visível tempo suficiente antes de retornar para as sombras. Tempo suficiente para que Jekita reconhecesse o agressor com assombro.
                Uma bruxa de Rashmen.

                               *             *             *             *

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