quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Povo da Fúria - Cap 3 - sequência 1

Espírito de Urso

                Naquele dia, a manhã na aldeia de Taporan estava radiante, embora poucos pudessem apreciar o momento, pois estavam em suas casas, agraciando por possuírem suas camas para se recuperarem da festiva noite anterior. Apenas os guardas da aldeia se encontravam de pé com sua vigília rotineira, mas ainda assim um pouco afetados, pois não lhes faltara durante a noite um copo de jhuild, a famosa cerveja de Rashmen, que algum amigo não houvesse oferecido, e em um momento, em que não caíram na tentação da euforia que havia recaído sobre a vila.
                O taverneiro da aldeia porém, o homem que servia bebidas, não era um adepto delas, pois ele tinha consciência do mal que a bebida fazia a constituição de muitas pessoas. E ao contrário da grande maioria da aldeia, que agora ansiava pelo repouso, Jurimik se sentia vivo e forte e agradecia a sua  deusa por aquela bela manhã.
                O aposentado guerreiro era um servo de Mielikki, a deusa das florestas, e em seu estado contemplativo concordou com os fatos da noite anterior e rogou por proteção, para a aldeia, para as florestas e para seu filho.
                Por fim, Jurimik, caminhou até a extremidade norte da aldeia por onde o grande Rio Tir a margeava, pois Taporan era uma aldeia que embora se orgulhasse de seus caçadores e furiosos de batalha, tirava seu verdadeiro sustento das águas do Rio Dourado, assim apelidado justamente pela cor que ele adquiria quando o sol da manhã tocava suas águas, e o bom homem pode contemplá-las neste estado, naquele exato momento.
                O taverneiro sentou-se as margens do rio e retirando suas botas deixou seus pés mergulharem nas águas frias. Assim ficou sentado pensativo durante quase uma hora. Os pensamentos que ocupavam sua mente eram tantos que não conseguia ordena-los, mas por final de sua meditação teve uma certeza. Seu filho, seu amado Toul iria partir antes do final de quatro dias, e ele não queria que este fosse embora sem que soubesse que apesar de não partilhar dos mesmos desejos do jovem, não o amava.
                Repentinamente levantou-se, colocou suas botas e dirigiu-se a Casa do Lobo a passos largos.
               
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