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Em 24 de novembro de 2005, na igrejinha histórica, totalmente reconstruida para ser uma réplica fiel da primeira igreja da comunidade de Nova Petrópolis datada de 1800 e alguma coisa, localizada no interior do Parque Aldeia do Imigrante, um grupo pequeno de pessoas, acredito que umas 25 (preciso fazer as contas) assistiram o meu casamento.
Hoje faz 5 anos que estou casado oficialmente com a mulher que mudou a minha vida. Juntos estamos a 17 anos. É foram 12 anos de enrolação. Muito assunto neste período.
Mas hoje quero falar especificamente do dia do meu casamento.
Foi em uma quinta-feira, as 19:30 da noite. A escolha do dia sendo no meio da semana já foi totalmente incomum, ninguém casa em quinta-feiras, muito menos tão cedo. Azar dos convidados. Que alias foram poucos.
Formular a lista de convidados na época eu lembro; foi algo realmente dificil. Lembro que na ocasião chegamos a um número absurdo de mais de 300 pessoas. E quando chegamos perto deste número desistimos de continuar a contagem. Afinal, somos decendentes de duas familias tradicionais, ela; alemã, com 2 irmãos, e 8 tios por parte de mãe e 3 tios por parte de pai, só imaginem o número de primos, segundos-primos, gatos, cachorros, aranhas e teias do lado dela. Mas a história não para por ai. Do outro lado a minha familia; portuguesa/italiana; 2 irmãos, 6 tios paternos e 8 tios maternos. Sim o terror mora na familia.
Eu lembro de uma festa da minha avó materna comemorando seus 80 e poucos anos com seus 100 descendentes.
Yep...a...turma!
Somem agora junto aos parentes, os amigos.
Temos alguns nichos semelhantes, amigos que compartilhamos, mas temos também os nichos distintos, amigos que conhecemos, mas fazem mais parte do meu roll ou do dela.
E acreditem a lista é extensa.
Bom, e não podemos esquecer que durante 12 anos trabalhamos em uma empresa onde nos aproximamos de pessoas que em sua maioria nos querem bem e nos respeitam. Pessoas que passamos a conhecer de maneira digna e respeitosa. Funcionários, Clientes e Fornecedores. Coloquei suas iniciais com letra maiúscula porque os considero. Então este assassino do português foi consciente.
Lembro que os números eram grandes, e nós não somos nem nunca fomos ricos. Temos uma vida boa, algumas economias, mas não somos abastados.
Ainda assim tinhamos uma festa pra comemorar. Afinal casamento era celebração, que deveria ser compartilhado com todas as pessoas que você gosta.
Infelizmente, casar tem um lado ruim. Tem uma matemática escondida. Uma conta, um business terrivel e lucrativo, disfarçado de angelical e sincero.
Você gasta com igreja (tem que ter tudo em dia senão não casa), tem que gastar com a documentação civil, até agora tranquilo; tem que gastar com o vestido da noiva ( a Lú fez o dela, não foi tão caro, e ficou lindo nela), tem que gastar com o terno do noivo (é, eu não aluguei e não sei costurar, e não sei se um terno me salva pra ficar bonito), dai tem que fazer os convites, alugar a igreja (pegamos uma igrejinha maravilhosa, diga-se de passagem). Calma a conta tá tranquila. Até ai cabe no bolso.
Bom, a igreja era pequena, mas tinha que ser decorada. Agora a brincadeira começa esquentar.
Tem que ter fotos, tem que ter filmagem, cara, sabe aquela tua poupança?
Ok, dá pra encarar.
Mas a comemoração não para ai. Temos agora a festa. Sim o que é um casamento sem festa. Uma janta, com baile, com animação.
Sabe a poupança? ...Rapo.
Mas claro, temos que contornar o problema, e este problema é facilmente resolvido.
é sóóóóóóó diminuir o número de pessoas.
Dai começou, ..."ha com este tio, temos pouco relacionamento, então ele fica fora." "Esse primo nem sabemos quem é, então não precisa vir."
Em meio a isto tem a opinião da familia: "Meu deus, como vai deixar aquele tio e o primo fora? Não pode, tem que convidar." "E os nossos vizinhos?" "Como não vão convidar os nossos vizinhos?"
Ok, nada de cortar parentes, e adicionamos vizinhos.
Seguem as tentativas. Corte nos amigos. Desnecessário dizer que o casamento quase acabou antes de se realizar neste momento.
Nada de corte nos amigos, aliás descobrimos uns a mais.
Funcionários, clientes e fornecedores. Aqui seria um pouco mais fácil, não fosse o fato de que alguns clientes seriam nossos amigos/parentes e estariam na festa.
"Acho que os outros vão saber que fulano foi convidado e eles não e não vão gostar" eu.
"É. Tem razão. O que fazemos, ainda vamos casar?" ela.
Foi neste dia em que tomei uma das decisões mais radicais da minha vida. Cortei todo mundo.
E no dia 24 de novembro, da lista enorme de convidados, apenas uns 20 e poucos estavam na igreja. Eram eles, irmãos com esposas/namoradas, pais, avós, e funcionários com esposas/namoradas, e apenas duas primas por parte dela.
Nem um amigo, nem um parente a mais ou a menos. Eu não tive muito trabalho pra lidar com a situação, fui categórico; "Eu prezo todos, mas não tinha como convidar todos, então não convidei ninguém. Se um não pode vir, então os outros também não. Apenas vieram os extritamente necessários, e se não fosse por isso cortava também."
Minha esposa já teve mais trabalho. Teve que convencer a familia dela com mais lábia do que eu com a minha, já que eram mais tradicionais, fora que pra mulher essa argumentação é sempre mais complicada.
No final, com o dinheiro da festa, viajamos e passamos uma lua de mel maravilhosa em Morro de São Paulo na Bahia. Aproveitamos cada centavinho, na lua-de-mel, que no início ia ser em uma cidade de Santa Catarina. Deu pra fazer o upgrade. Não desmerecendo Santa Catarina é claro.
Lembro de um amigo meu, o Tricks comentando: "Papa eu achei que o teu casamento seria uma destas coisas diferentes, com todo mundo vestido de capa e espada, e vocês entrando pela igreja em meio a uma fileira de pessoas levantando as armas e tal".
Eu lembro que disse: "Acredite...o meu casamento...foi diferente."
Há exatos 5 anos atrás eu quebrei um tabu em minha cidade. Casei em um dia totalmente incomum, em um horário incomum, e fiz uma pequena festa, e uma grande lua de mel, e deixei a pessoa que eu queria que ficasse feliz, a mais feliz do mundo; minha esposa.
Pois o casamento foi simples, e diferente e a lua de mel, maravilhosa.
Hoje, passados cinco anos, vamos comemorar do jeito que sempre gostamos, sozinhos; eu e ela.
É, hoje é dia de avós e tios ficarem de babás.
Foi examente assim que aconteceu...e o melhor é que continuamos sendo convidados para casamentos de amigos, mesmo os que não foram no nosso, hehehe.
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